domingo, 25 de julho de 2010

Consciência e analfabetismo

Em sua edição deste sábado (24), o jornal Diário do Povo informa que o Piauí é o quarto estado brasileiro em número de eleitores analfabetos. Enfatiza que "um levantamento do eleitorado piauiense, disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que o Piauí é o quarto Estado do país em número de eleitores analfabetos, ficando atrás apenas de Acre, Maranhão e Alagoas."

Diz ainda o periódico que, conforme a pesquisa, mais de 287,1 mil pessoas do Piauí que estão quites com a Justiça Eleitoral são analfabetas. Se somar com aqueles que sabem apenas ler e escrever, os conhecidos "analfabetos funcionais", esse número vai para 900.898 eleitores, ou cerca de 40% do eleitorado piauiense para as eleições 2010.
O dado é por demais preocupante. E isso acontece por várias razões. A democracia se funda nas eleições diretas, na escolha dos nossos representantes para o Legislativo e o Executivo. Uma escolha, para ser bem feita, requer capacidade de análise do eleitorado. O eleitor analfabeto, de acordo com descrições técnicas, tem sua capacidade de análise bastante reduzida.
Ele não escolhe segundo a biografia do candidato, aquilo que verdadeiramente aconteceu e sim com o que lhe é contado, melhor dizendo, aquilo que lhe é imposto pela máquina de propaganda montada, hoje, por todo e qualquer candidato, seja ele do governo ou da oposição. Todos os políticos são "pintados" como pessoas de alma boníssima e sobre cujos históricos não existe mancha alguma.
A grande maioria possui defeitos em sua atuação pública. Daí a necessidade de um eleitor esclarecido para que sua escolha seja feita conforme a consciência, definida por uma análise apurada de tudo que é colocado para ele, sobretudo em função do questionamento. Questionar é fundamental para uma escolha responsável. Por que este candidato tem mais dinheiro que aquele? A origem do seu dinheiro é lícita? É legal aplicar recursos financeiros, em grande monta, em campanhas eleitorais? Ainda existe compra de votos? Quem compra, quem vende? Isso é lícito?
Outra análise que se faz sobre o resultado do MEC é que a política educacional no estado não vem sendo aplicada de modo a permitir que a população progrida. Parece-nos, muito sinceramente, que tudo está sendo feito com a finalidade exatamente contrária. De que permaneçam, em sua maioria, analfabetos, justo para que não façam os questionamentos acima elencados. (Editorial Diário do Povo)