sábado, 5 de novembro de 2011

Ricardo Noblat: 'Que Lula seja mais humilde e menos egocêntrico'

O blog do jornalista Ricardo Noblat postou ontem, de Brasília, este comentário, sobre o ex-presidente Lula: "Se Lula tivesse sido um estadista na presidência, talvez não existisse tanta animosidade contra ele. Em vez de buscar conciliação, fez o contrário. Sempre que pode procurou acirrar os ânimos, jogando ricos contra pobres, norte contra sul, brasileiros de olhos azuis contra os de olhos castanhos, e por aí vai. Coisa de quem não superou seus próprios recalques. Seu partido, visto por ele, claro, era puro, não compactuava com a corrupção, etc. Hoje, os fatos o desmentem com sobra. A doença de Lula não deveria servir para esse tipo de "vendeta", pois todos estamos sujeitos a adoecer, e a compaixão deve pre[vale]cer sempre.
Como político Lula me decepcionou enormemente, apenas isso. No entanto, muitas pessoas não veem as coisas assim. Espero que o Lula que emergirá desta sua luta seja um outro Lula, mais humilde, menos egocêntrico e, se possível, conciliador".
Desde sábado passado, quando foi diagnosticado e revelado o câncer de Lula, ele vem recebendo muita solidariedade, inclusive de adversários políticos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e também muitos ataques descabidos, através das chamadas redes sociais. A doença é uma desventura que pode acontecer a qualquer pessoa. E qualquer líder da oposição que precisasse e pudesse também teria buscado os mesmos recursos médicos que Lula buscou.
Os que atacam o ex-presidente Lula repetem o comportamento insano de petistas que agrediram impiedosamente o governador de São Paulo, Mário Covas. À época, o governador, acometido do mesmo mal que atacou Lula, vivia seus momentos finais e foi agredido à porta da Secretaria de Educação de São Paulo por militantes petistas, durante uma manifestação.
Lula é para ser combatido e criticado como político, como acobertador de corruptos, como populista, como o governante que negligenciou nas reformas, como o chefe de estado que apequenou as instituições e tantos outros erros e equívocos. Mas o ser humano, esse é intocável. Ainda mais o ser humano fragilizado por um câncer.
Os que não torcem sinceramente pela recuperação de um adversário, o mínimo que podem fazer é silenciar.

Fonte: Diário do Povo