Portella e Cordeiro
Aparentemente, essa não tem a menor significância. Mas tem. Mostra dois
importantes nomes da história do país reunidos para uma causa
democrática: a distensão política durante o regime militar. À esquerda
está o ministro Petrônio Portella, advogado de formação, ex-prefeito de
Teresina e eleito governador – e depois senador – por seu estado, o
Piauí. Foi o principal personagem da chamada “Missão Portella” durante o
governo Geisel, que buscava diálogo com forças da oposição para a
redemocratização do Brasil. Continuou sua missão também no governo de
João Figueiredo, do qual foi ministro e que culminou com a Anistia de
1979. O outro é o marechal Cordeiro de Farias, nascido no Rio Grande do
Sul. Quando era ainda cadete na escola militar, participou da Revolta
dos Tenentes, em 1922. Quatro anos depois, foi um dos seguidores da
Coluna Prestes. Em 1930, articulou para a subida de Getúlio Vargas ao
poder e foi recompensado, depois do êxito, com a nomeação como Chefe de
Polícia de São Paulo. Aliás, combateu os revolucionários paulistas em
1932. Vargas o designou também governador interventor do Rio Grande do
Sul. Em 1945, voltou-se contra Getúlio. Durante a Segunda Guerra foi um
dos comandantes da FEB na Itália e, ao retornar, trabalhou intensamente
para a criação da ESG. Em 1954, elegeu-se governador de Pernambuco. Foi
chefe do Estado Maior das Forças Armadas no governo de João Goulart.
Apoiou o golpe de 1964 e tornou-se ministro do amigo e também marechal
Castelo Branco. No governo seguinte, discordou da edição do AI-5 pelo
presidente Costa e Silva e passou a defender a distensão política. E foi
justamente um desses encontros que fui cobrir para O Globo, jornal em
que eu trabalhava em 1979.
Por Orlando Brito