Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), existe
uma ‘Tropa do Cheque’ dentro da CPI que ajudou, por 17 votos contra 13,
a não convocar Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta, e Luiz
Antonio Pagot, ex-diretor-geral do DNIT.
Ao lamentar a derrota na aprovação da convocação de Fernando Cavendish,
o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) anunciou a apresentação de
requerimento pedindo informações sobre um evento ‘que chegou a seu
conhecimento’: uma delegação de parlamentares que viajou em missão
oficial a um país africano, em data próxima à Semana Santa, e que teria
voltado ao Brasil por Paris e almoçado na França com o ex-dono da Delta.
"Quero saber se entre esses, algum participa dessa comissão. E se for
mais de um, se o voto foi decisivo para o resultado contrário à
convocação de Cavendish", anunciou.Dentre os suspeitos de fazer parte da
suposta ‘Tropa do Cheque’ estaria o senador Ciro Nogueira (PP), que
votou pela não convocação dos supostos envolvidos com o bicheiro
Cachoeira. Ciro Nogueira admitiu que se encontrou com o ex-presidente da
Delta em Paris (França). A denúncia de Miro Teixeira é mais grave
ainda, pois segundo ele, a ‘Tropa do Cheque’ recebe grana para impedir a
convocação de Cavendish e outros integrantes do governo e da oposição
na CPI.
Ciro Nogueira alegou que a CPI precisa de tempo para analisar
documentos e se preparar para as indagações ao dono da Delta. Segundo o
senador piauiense, a CPI não convocou Cavendish e Pagot, para não
cometer a mesma falha de não se preparar como deveria, como o que
aconteceu durante os depoimentos dos governadores Agnelo Queiroz (PT-DF)
e Marconi Perillo (PSDB-GO). Ao Jornal Nacional, da Rede Globo, o
senador Ciro Nogueira disse que esteve, sim, com Fernando Cavendish, em
Paris, na Semana Santa, mas disse que o encontro foi casual, sem
agendamento prévio na capital francesa. Ciro Nogueira faz parte da CPI e
votou pelo adiamento da convocação de Cavendish e de Luiz Antônio
Pagot.
Segundo o Jornal O GLOBO, o encontro em Paris ocorreu na volta dos
parlamentares da 126ª Assembleia Geral da União Interparlamentar,
realizada entre 30 de março e 5 de abril, em Kampala, Uganda. Hugo
Napoleão (PSD-PI), Átila Lins (PSD-AM) e Alexandre Santos (PMDB-RJ)
também integravam a comitiva para a África. A viagem foi uma missão
oficial e cada um dos parlamentares recebeu US$ 350 de diária, para
cinco dias, num total de US$ 1.750 cada. O dinheiro serve para refeições
e pagamento de hotel. A despesa aérea, em classe executiva, foi paga à
parte pelo Congresso. ‘Depois da Assembleia, Ciro Nogueira, Maurício
Lessa e Eduardo da Fonte voaram para Paris para passar a Semana Santa.
As mulheres já os aguardavam lá. À época, a CPI não havia sido criada,
mas o escândalo envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a Delta já
tinha vindo à tona’, diz a versão on-line do jornal O GLOBO. Ciro
Nogueira confirmou o encontro, mas disse que foi casual: ‘Conheço
Cavendish, tenho relação com ele há uns cinco anos. Mas nada que envolva
doação de campanha. (Em Paris) Nós só o cumprimentamos. Foi um encontro
totalmente casual.’