terça-feira, 22 de setembro de 2009

A PARÁBOLA DOS 10 LEPROSOS E A NOVELA DE MÃO SANTA

A Bíblia conta, nos Evangelhos de São Lucas, que, a caminho de Jerusalém, Jesus Cristo passava pelo meio de Samaria e da Galiléia. Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, que ficaram de longe e lhe gritaram, dizendo: “Jesus, Mestre, compadece-te de nós!” Ao vê-los, disse-lhes Jesus: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes”. Aconteceu que, indo eles, foram purificados. Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano. Então, Jesus lhe perguntou: “Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.”

Se não conseguir seguidores para seu novo partido, o PSC, entre seus antigos correligionários, o senador Mão Santa pode fazer a sua campanha pela reeleição correndo o Piauí com a parábola dos dez leprosos na ponta da língua. O que era o PMDB do Piauí, quando ele entrou no partido, há 15 anos? Qual era o futuro de suas lideranças no Estado?

Para recordar: o PMDB, depois de derrotado nas eleições estaduais de 1990, estava sem a menor perspectiva de poder. A vitória do poderoso e imbatível esquema governista era dada como certa novamente nas eleições de 1994. Mão Santa apareceu na última hora – como Cristo apareceu aos leprosos – filiou-se ao partido e ganhou a eleição para o PMDB.

No poder, durante seus dois mandatos de governador, ele procurou fortalecer o partido. Velhas lideranças que já estavam desiludidas com a política voltaram à cena. Jovens políticos receberam seu incentivo e conquistaram mandatos eletivos. O partido revigorou-se. Ele também cresceu, transformando-se na principal liderança estadual da sigla.

Agora, na véspera da campanha para renovação do seu mandato, ele se vê na obrigação de ter que mudar de sigla para concorrer à reeleição. O PMDB do Piauí, hoje curado e robusto, age como os nove mal-agradecidos leprosos da parábola bíblica e já não lembra mais do seu ex-líder.

(Por Zozimo Tavares)