terça-feira, 6 de abril de 2010

E agora, encantador de serpentes?

Os políticos próximos ao ex-governador Wellington Dias sempre o apresentaram como um “encantador de serpentes”. O aposto foi usado em demasia nos últimos sete anos para enaltecer a sua habilidade política e o seu poder de convencimento. Ninguém resistia à sua lábia, era o que se dizia.

O desfecho da sucessão estadual mostrou, porém, que se tratava de propaganga enganosa, como enganosa foi quase toda a propaganda de seu mandato. Wellington arrastou a coligação governista, que ele soberbamente chamava de “base aliada”, ao precipício. O blocão governista se desfez de forma melancólica.
O ex-governador provou, apenas, que não passa de um estrategista político mediano. Ao invés de cuidar da pacificação e do fortalecimento do bloco governista, deu corda a quatro pré-candidaturas, levando aliados fieis a se digladiarem em praça pública durante meses.
Se tivesse alguma coisa de estrategista em sua bagagem, Wellington teria agido como o presidente Lula, que desde o início se fixou em um nome para a sucessão. O presidente cuidou de viabilizar esse nome politicamente e hoje a ex-ministra Dilma Rousseff concorre à presidência da República em pé de igualdade com o seu principal adversário.
Com a estratégia que adotou, Wellington só fez vítimas. A primeira delas foi o seu próprio partido, que hoje se encontra numa posição vexatória para a eleição estadual. O vice-governador Wilson Martins assumiu o governo na última hora, e depois de ser humilhado publicamente por Wellington. O senador João Vicente acreditou em sua palavra e foi enganado.
O ex-governador domonstrou, também, que encantador de serpente não era ele, mas a sua caneta mágica. Sem ela, acabou o encanto.
Ele avocou para si, desde o começo, a coordenação do processo sucessário. E o desfecho foi tão traumático que ele próprio, além de dar um tiro no pé, pode pagar ainda mais caro pela sua inabilidade que ele quis transformar em esperteza..
Por Zozimo Tavares