terça-feira, 1 de junho de 2010

Onde já se viu?

O Palácio do Planalto, o PT nacional e os petistas piauienses transformaram numa questão de honra a derrota dos senadores Heráclito Fortes e Mão Santa. Os petistas querem derrotá-los a qualquer custo. Os senadores oposicionistas foram declarados inimigos do governo. Tudo será feito para que eles não retornem para Brasília na próxima legislatura.

No Piauí, os governistas empenhados na derrota de Heráclito e Mão Santa alegam que chega a ser um desperdício político o Estado ter dois senadores na oposição. E de onde eles tiraram isso? Desde quando as forças políticas devem existir apenas em função do governo? E quem fiscaliza os deslizes, as promessas e as falcatruas dos que estão no poder?
Dos 13 parlamentares piauienses, 11 estão no governo. Obedecem cegamente ao comando do Planalto. Os dez deputados federais são todos governistas. Todos, sem exceção, rezam na cartilha do governo Lula, desde o primeiro mandato. E o que o Piauí ganhou com isso? O que eles, que só dizem amém ao presidente, trouxeram até agora para o Estado?
O Maranhão prepara-se para instalar uma refinaria bilionária. O Ceará ganhou uma siderúrgica, também bilionária. Estes são apenas alguns dos grandes investimentos que os políticos dos dois Estados conseguiram nos últimos anos. E os políticos do Piauí, o que conseguiram? O que trouxeram?
Pelo que lembro, o Piauí perdeu no primeiro governo Lula a presidência dos Correios, que era exercida pelo ex-ministro João Henrique. Também perdeu a presidência da Codevasf . O que o governo Lula quis mandar de bom grado para o Piauí foi o narcotraficante Fernandinho Beira-Mar. Não veio porque os senadores Heráclito Fortes e Mão Santa levantaram a voz.
O governo querer passar por cima da oposição e a oposição querer derrubar o governo são próprios das disputas políticas. Mas o governo transformar a derrota de dois adversários numa obsessão já chega a ser esquisito. Os senadores podem até ser inimigos do governo, mas não são inimigos do Estado nem da Nação. Eles apenas exercem com competência e zelo o seu papel de oposicionistas. Isso não é demérito. Nem pecado.
Por Zozimo Tavares