segunda-feira, 18 de julho de 2011

Consumidor está mais cauteloso com o crediário

Pesquisa aponta queda na intenção de compra a prazo, com destaque para veículos e eletroportáteis

O consumidor brasileiro está cada vez mais cauteloso em relação ao uso do crediário. Segundo pesquisa do Instituto Provar/FIA, sete dos dez tipos de produtos pesquisados apresentam queda na intenção de compra a prazo, com destaque para eletroportáteis e automóveis. O levantamento também aponta uma queda de 3,2 pontos porcentuais - de 75,6% para 72,4% - do índice de consumidores que pretendem comprar no terceiro trimestre de 2011, ante igual período do ano passado.
"Embora ainda seja alta a intenção de compra - principalmente no crediário - o consumidor está em estado de atenção, por causa das taxas de juros e inadimplência que estão subindo", explica o presidente do conselho do Provar, Claudio Felisoni. No período, a intenção do consumidor pela compra a prazo para eletroportáteis caiu de 78,9% para 50%. Já a intenção de adquirir veículos foi de 97% para 80% no período.

Segundo Felisoni, o índice de inadimplência subiu 9% no primeiro quadrimestre de 2011 ante igual período do ano passado.
Brasileiro endividado
Além disso, o brasileiro encontra-se endividado devido às parcelas contraídas ao longo de 2010. "Mais de 50% das famílias têm dívidas. E acabam parando de usar o cartão por isso", diz o professor de finanças do Ibmec Nelson de Sousa.
É o caso da oficial de serviço Sergiane Barreto, de 26 anos, que, no ano passado, tinha 10 cartões de crédito - de supermercado e lojas, além de três do banco. "Ainda uso os cartões do banco, mas tive que reduzir, porque tenho
muitas dívidas a pagar", diz. Neste ano ela ainda comprou roupas e um celular, um dos itens a apresentar aumento na intenção de compra a crédito - de 52,9% das pessoas para 67,4%.
Pessimismo
Pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) também indica alta do pessimismo do brasileiro em relação às compras a prazo. Em dezembro, último mês do segundo semestre de 2010, o levantamento apontava que 49% dos entrevistados estavam muito à vontade para comprar eletrodomésticos a prazo e 20% deles, pouco à vontade.

Já em junho, último mês do primeiro semestre de 2011, o estudo revelou que 47% dos brasileiros se sentiam mais à vontade, contra 25% menos favoráveis. "As pessoas têm sentido uma maior pressão financeira e se tornaram menos otimistas para comprar a prazo, embora o número ainda seja alto", diz o economista Emilio Alfieri, da ACSP. Para ele, a inadimplência é a maior responsável pela desaceleração do crédito.
Segundo levantamento da ACSP, em junho, na comparação com igual mês de 2010, subiu 14,2% o número de inadimplentes. "Agora, tanto o consumidor quanto a loja estão mais cautelosos, o que é um bom sinal", explica.

Fonte: Diário do Nordeste