terça-feira, 3 de janeiro de 2012

As chances de o vice assumir o governo do PI em definitivo, em 2014, são reais

Quando passou o cargo ao vice-governador Zé Filho, em função de sua viagem de dez dias aos Estados Unidos, que se encerra hoje, o governador Wilson Martins brincou: "Comece a exercitar!" O governador estava brincando, mas estava também falando sério. As chances de o vice assumir o governo em definitivo, em 2014, são reais.
Desde que comecei a militar na imprensa, só vi dois governadores cumprirem os mandatos até o final: Lucídio Portella (1979-1983) e Alberto Silva (1987-1991). E dizem os mais próximos que ambos se arrependeram amargamente, pois suas eleições para o Senado seriam um passeio.
Os demais, embora tenham começado as gestões jurando de pés juntos e mãos postas que iriam ficar no governo até o último dia, saltaram todos na campanha para o Senado. Foi assim com Hugo Napoleão (1983-1986) e foi assim com Freitas Neto (1991-1994). Só não foi assim também com Mão Santa, em 1998, porque naquele ano o Brasil instituiu casuisticamente o instituto da reeleição, patrocinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. E Mão Santa foi para a reeleição. Mas de olho no Senado, nas eleições seguintes.
Wellington Dias, eleito em 2002, foi para a reeleição em 2006 e encampou a mesma conversa mole de seus antecessores, cogitando até mesmo pendurar as chuteiras ao final do mandato de governador. Já chegando no prazo final para a desincompatibilização, ele teve uma conversa com Deus e outra com o presidente Lula e arrancou como um foguete para o Senado.

Quem está treinando, então, não é exatamente o vice-governador. É o próprio governador Wilson Martins. Para ser senador. A exemplo de seus antecessores, ele também já andou ensaiando que encerraria sua carreira política após cumprir o mandato de governador. Trata-se, na verdade, da senha para quem quer concorrer ao Senado.
A tradição política reza que o caminho natural de todo ex-governador é o Senado. E Wilson Martins, reunindo as condições políticas para tal, como as tem hoje, não deixará o cavalo selado passar à sua porta sem montar nele. Será candidato em potencial ao Senado, para não quebrar a tradição.

Por Zózimo Tavares