O texto não menciona. Mas, nessa ocasião, os dois chegaram a cogitar a
hipótese de fundar um partido de linha socialista. A ideia não vingou.
Separaram-se. FHC aninhou-se na banda esquerda do velho MDB. Lula foi
criar o PT. Mais tarde, a queda da ditadura faria do Brasil um país
multicolor. Desapareceu a velha lógica do nós contra eles.
Trafegando por diferentes tons de cinza, FHC e Lula encaixaram as
respectivas biografias entre um passado que já era e um futuro que
parecia não chegar nunca. Com erros e acertos, cada um à sua maneira, a
dupla ajudou a reconstruir o presente.
Maduros, poderiam erguer um brinde à complementariedade que faz do
Brasil uma economia estável de duas décadas. Mas a história, essa ponte
que liga o incompreensível ao insabido, cuidou de estreitar-lhes a
inimizade.
Fonte: Josias de Souza