sábado, 23 de junho de 2012

Coronel Octávio Miranda, o modernizador da imprensa do Piauí

Ele era um homem de estatura mediana, aproximando-se de baixo. Inteligente e irônico. De espírito irrequieto e empreendedor. Apostava no poder da mente e na homeopatia. Investia na longevidade e se vangloriava de seu vigor físico e mental, aos 70 anos, como a estimular o seu interlocutor a que também procurasse viver muito e bem. Falava por metáforas. Era um homem poderoso e influente. Ao mesmo tempo, simples.
Esta a imagem que guardo do coronel Octávio Miranda, que conheci em 1980, quando dei meus primeiros passos no jornalismo. Seu centenário será comemorado hoje, pela família, em Campo Maior, sua terra natal. Ele nasceu em 3 de março de 1912, e faleceu em Teresina, em 22 de junho de 2002, aos 90 anos. Seu nome está associado ao empreendedorismo, sobretudo na área de comunicação.
Octávio Miranda começou sua vida profissional no Exército, servindo no Rio de Janeiro. No Piauí, ele comandou o 25º Batalhão de Caçadores. Também teve militância política, ao eleger-se deputado estadual, em 1947. Cumprida a sua missão militar, dedicou-se à vida empresarial, com uma atividade diversificada nos negócios: comunicação, imóveis, agropecuária.
Quando conheci o coronel Miranda, seu nome já era uma legenda da comunicação, por ter renovado a imprensa piauiense, após a aquisição do jornal O Dia, fundado em 1º de fevereiro de 1951. Ele transformou um jornal modesto, que circulava precariamente duas vezes por semana (às quintas-feiras e aos domingos), no maior e mais moderno jornal do Estado.
Numa terra atrasada, em que praticamente quase tudo é condenado a não dar certo, o coronel Miranda vencia a letargia reinante pelo seu otimismo e pela sua força empreendedora. Também foi pioneiro na instalação da primeira emissora de rádio de Frequência Modulada do Piauí, a FM O Dia, inaugurada em 1981. Seu sonho era implantar um canal de televisão.
Quando a história da expansão da área urbana de Teresina para a zona Leste for escrita, o nome de Octávio Miranda aparecerá em relevo. Homem de visão, ele foi o desbravador da região, a partir da fundação do Jockey Clube.
Com o coronel Miranda, que me acolheu em seu jornal quando eu era ainda um garoto imberbe que chegaria a ser editor-chefe de O Dia, muito aprendi sobre jornalismo, na convivência saudável que tive com ele ao longo dos anos. E aprendi mais ainda sobre a vida. Agradecido, associo-me à sua família, na lembrança de seu centenário que hoje se comemora e no prolongamento da amizade, para celebrar o seu exemplo.
Por Zozimo Tavares