A decisão foi anunciada anteontem pelo procurador Andi Konggoasa ao "The
Jakarta Post", o principal jornal em língua inglesa do país. Procurado,
o Itamaraty informou que está ciente da situação e que está adotando
medidas sobre o caso.
Marco será o primeiro brasileiro a ser executado em outro país -e o
primeiro ocidental a ser morto na Indonésia. O país mantém cerca de 30
estrangeiros, entre eles outro brasileiro, no corredor da morte --a
maioria por tráfico.
A execução se dá por fuzilamento. Além dele, outros dois estrangeiros
morrerão, segundo o procurador. A Indonésia não executa ninguém desde
2008.
Segundo o jornal, Marco já fez até o último pedido: uma garrafa de Chivas Label.
O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, que está no Brasil
participando da Rio+20, recusou o último pedido de clemência feito em
2008. Foi a segunda recusa: a primeira ocorrera em 2006. Não há mais
possibilidade de recursos na Justiça.
Nascido no Rio de Janeiro e instrutor de asa-delta, Marco foi preso em
2003 ao tentar entrar com 13,4 quilos de cocaína no aeroporto de
Jacarta, ainda hoje uma das maiores apreensões de droga no país. A
condenação veio em 2004: pena de morte.
Segundo ele, a venda da droga serviria para pagar uma dívida contraída com um hospital em Cingapura.
Em 1997, Marco sofreu uma queda de um parapente em Bali e teve que ser transferido para o país vizinho.
Não conseguiu pagar todo o tratamento e era constantemente cobrado.
Foi então que, segundo ele, viajou para o Peru para comprar a droga e tentar entrar na Indonésia para vendê-la.
A pena de morte para tráfico de drogas foi instituída no país em 1997, a
exemplo do que ocorre em outros países do Sudeste Asiático, como
Tailândia, Malásia, Cingapura e Filipinas.
O brasileiro está preso em Nusakambangan, um complexo de prisões a 430 km de Jacarta. A Folha de São Paulo esteve com ele em 2010. Na época, Marco disse que estava arrependido do que fez e que sonhava em voltar ao Brasil.
Ele não é casado nem tem filhos. A sua mãe morreu em 2010 e ele tem duas
tias. Uma delas, que está mais envolvida com o caso, ficou bastante
abalada. A embaixada da Indonésia ficou de enviar um pedido de desculpas
a ela.
OUTRO BRASILEIRO
Além de Archer, outro brasileiro também está preso por tráfico de drogas na Indonésia.
O surfista Rodrigo Gularte, 39, foi detido em 2004 portando 6 kg de cocaína e condenado à morte no país no ano seguinte.
Ele e Archer são os únicos brasileiros condenados à execução no mundo.
Gularte, que levava a droga em uma prancha de surf, perdeu todos os
recursos possíveis na Justiça --o último, em 2011-- e sua única chance
de evitar ser fuzilado é obter o perdão do presidente indonésio.
Reportagem Ricardo Gallo via Folha UOL