sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pai de Fernanda Lages em entrevista exclusiva ao GP1 diz que não confia no secretário Robert Rios

Após cinco meses, o pai da estudante Fernanda Lages voltou a falar sobre o caso da morte da filha, assassinada no dia 25 de agosto do ano passado dentro da obra do Ministério Público, localizado na Avenida João XXIII, na zona Leste de Teresina. Em entrevista exclusiva ao Portal GP1, o ex-vereador de Barras comentou sobre a exumação do corpo de Fernanda e fez ainda declarações contra o Governo do Estado e a Secretaria de Segurança.

Paulo Lages disse que se o caso Fernanda Lages dependesse do Governo do Estado do Piauí e da Secretaria de Segurança, o crime não seria solucionado.

Confira entrevista completa com Paulo Lages

GP1: O juiz Antônio Noleto determinou a exumação do corpo de Fernanda Lages a pedido da Polícia Federal. A exumação do corpo da estudante já aconteceu?
Paulo Lages: Não e nem tenho previsão de quando será. A última vez que eu tive contato com a Polícia Federal foi com os peritos que vieram aqui em Barras recolher material para fazer exame de DNA meu e de Josélia (mãe de Fernanda Lages). Mas eles não adiantaram quando seria e nem a possibilidade. Eles foram no cemitério, mas não falam nada.
GP1: O que a família acha desse procedimento, considerando os laudos cadavéricos apresentados pela Polícia Civil em seu inquérito?
Paulo Lages: Mas o que a Polícia Civil apresentou? Absolutamente nada. A gente realmente tem aquela esperança, aquela ponta de esperança que a Polícia Federal possa mostrar alguma coisa. Agora do fundo do meu coração lhe digo: nem acredito muito, sabe. Porque a gente vê as pessoas que supostamente possam estar envolvidas, pessoas influentes e fica difícil acreditar. Se eu disser que acredito 100%, estou mentindo, se eu disser que não acredito em hipótese nenhuma, também estaria mentindo. Mais ainda tenho um fiozinho de esperança.
GP1: O Secretário de Segurança do Piauí, Robert Rios, ao assumir novamente a pasta, declarou na mídia que irá comparar o resultado das investigações da CICO e da Polícia Federal no caso Fernanda Lages e, se houver discrepância, vai tomar providências, caso contrário, terão que pedir desculpas a Polícia Civil do Estado. Como o senhor avalia essa declaração?
Paulo Lages: Acredito que ele saiba o que está dizendo por ser uma pessoa bastante influente no meio da segurança pública. Porque mesmo sem ele assumir a pasta, o que se comenta é o que se sabe, que ele é quem comandava sem estar lá dentro. Então acredito que quando recolocaram ele na pasta, foi para que ele possa dar um suporte melhor para a Secretaria de Segurança, para defender algo. Se ele está falando uma coisa muita séria dessas é porque possivelmente ele já possa saber esse resultado muito antes do que a própria Polícia Federal saiba. Se você me perguntar se eu confio na pessoa desse deputado, lhe digo que é 0%, de forma nenhuma. O Governo do Estado, em termos no caso Fernanda Lages, foi uma decepção total. Se o caso da Fernanda dependesse realmente do Governo do Estado e da Secretaria de Segurança, na pessoa do Robert Rios, não seria descoberto nunca.

GP1: Tem saído na mídia que duas testemunhas, em depoimentos na Polícia Federal, teriam dito que viram Fernanda Lages acompanhada do engenheiro Jigavo Castro.
Paulo Lages: Isso não posso lhe informar porque isso está em segredo de justiça. Então lhe juro que não tenho essa informação.
GP1: O senhor como pai acredita que Fernanda conhecia o Jivago?

Paulo Lages: Eu preferiria responder o seguinte: Até o momento, minhas expectativas de justiça nunca vão direcionar para família. Então acho que hoje a justiça tem que provar além de quem matou Fernanda, tem que provar a inocência de quem tá se saindo como culpado. Se a Polícia Federal não constatar nada, mas também não provar a inocência de fulano, a culpa vai ficar com quem está como suspeito, eu acredito nisso. Existem duas facetas: de ela provar quem foram os assassinos e comandantes e também provar a inocências daqueles que estão possivelmente como suspeitos de primeira linha. Então, se a polícia não provar a inocência, vão ficar como culpados. Não é a família que está dizendo. Não foi a família que falou nome de engenheiro ou de cicrano e beltrano. Porque a população achou isso? Porque até o momento só vai pra ele? Entendeu?
GP1: A família tem algum suspeito do autor ou autores da morte da estudante Fernanda Lages?
Paulo Lages: De forma alguma. Como eu digo, ela morava em Teresina e nós, pais dela, aqui em Barras. Mas nós falávamos todos os dias com ela e sabíamos que ela tinha realmente algumas amizades como todo mundo tem e que nem sempre podemos controlar. Agora amizade sempre diz amigos. Então essas pessoas não eram amigos, talvez ela estava sendo usada como bode expiatório, ou ela realmente poderia saber de alguma coisa, mas não tinha maldade de achar que poderiam fazer aquilo com ela. Mas a certeza absoluta que a família tem de tudo isso é que Fernanda jamais tentaria contra a própria vida dela. Isso aí a família nunca vai aceitar.

GP1: Para finalizar, o senhor acredita e confia que a Polícia Federal vai solucionar o crime da sua filha Fernanda Lages?

Paulo Lages: Sinto uma pontinha de confiança, não 100%. A gente acredita, mas ao mesmo tempo desconfia pela possibilidade das pessoas envolvidas serem pessoas influentes, de prestígio, isso torna a coisa mais difícil. O que eu reforço é que para o pai e família de Fernanda não existe confiança nenhuma na polícia, na Secretaria de Segurança do Estado do Piauí. Mesmo antes, em outros policiais ou outros secretários e tampouco no atual secretário. Não traz nenhum tipo de confiança para família, pelo contrário, só traz desconfiança.