Para FHC, falta debate no país e firmeza nas posições políticas dos partidos.
"Agora cada um vai buscar maximizar suas chances eleitorais, sem se
preocupar muito com o que vai acontecer depois, e muito menos se há
choques entre as visões dos partidos, mesmo porque essas visões estão se
diluindo de uma maneira preocupante", disse o ex-presidente. "Os
partidos estão crescentemente sendo só siglas."
FHC conversou ontem com correspondentes brasileiros em Washington, horas
antes de receber o Prêmio Kluge -reconhecimento à sua produção
acadêmica pelo qual recebeu US$ 1 milhão da Biblioteca do Congresso dos
EUA.
Na delegação de tucanos que o acompanhou eram esperados o senador Aécio
Neves (MG), o presidente da sigla, Sérgio Guerra, e o ex-senador Tasso
Jereissatti (CE).
FHC negou, porém, que o que vê como "dissolução da visão partidária"
prejudique o ato de fazer oposição. Para ele "oposição não se faz a
partir de uma sigla, mas de uma posição política".
O que falta, afirmou, é debate político. "O exemplo que eu dou é o
petróleo. Que se discutiu da lei do petróleo? A distribuição de
royalties que ainda não existem. O modelo foi discutido? Não."
O tucano criticou ainda a atual política industrial, por erguer
barreiras vistas como protecionistas sem investir na produtividade, e
refutou a ideia defendida pelo governo Dilma de que o país é vítima de
uma "guerra cambial" alimentada pelas economias avançadas.
Fonte: Folha de São Paulo