quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mão Santa diz que Justiça está inerte frente à compra de votos

O senador Francisco Moraes Souza, o Mão Santa (PSC), criticou duramente o Poder Judiciário que, segundo ele, permite que a corrupção tome conta do cenário das eleições. Ele disse que os militares tinham mais firmeza. “Vivemos sob a ditadura do Judiciário, que não toma providências contra a corrupção eleitoral, daí que a compra de votos corre solta em nosso estado, é uma vergonha.”

Ele disse numa entrevista ao portal 180graus que candidatos sem nenhuma expressão disputam mandato eletivo ao Senado confiando apenas na força do dinheiro e que isso é feito claramente, no entanto não existe qualquer tipo de providência por quem de direito, no seu entendimento, a Justiça Eleitoral. “Salta aos olhos de toda a gente o abuso de poder econômico que está sendo praticado nestas eleições. A Justiça está inerte frente à compra de votos."
O parlamentar não quis citar nominalmente as pessoas que, segundo ele, estariam praticando abuso de poder e compra de votos nas eleições. “A Justiça tem instrumentos de fiscalização capazes de detectar. É preciso que haja iniciativa e ação do Judiciário, mas vivemos numa ditadura em que se permite candidaturas de políticos que não deveriam estar concorrendo e alguns que não tendo liderança alguma apelam para a compra de votos.”

De acordo com o senador do PSC, teria recebido proposta do presidente Lula para ficar ao lado do governo, contudo entende a necessidade de um partido governando e outro vigiando. No seu entender, este é o pilar da democracia que na maioria das vezes o presidente e seus partidários não querem entender. Ele afirmou que abortou, como senador, o possível terceiro mandato para Lula. Teria abortado também a perspectiva de intervenção no governo do Distrito Federal que estava sendo proposta pelos partidários do presidente.
Citando Teotônio Vilela, senador alagoano falecido nos anos oitenta, o piauiense disse que o Senado é uma Casa em “se resiste falando e falando se resiste”. “Não pode haver governo sem oposição”, falou, ao ser questionado sobre declaração do presidente Lula que propôs a sua derrota nas urnas. O presidente disse em comício em Minas Gerais que “ninguém aguenta mais um Mão Santa desses no Senado”. Seu pronunciamento está sendo aproveitado pelo candidato a senador Ciro Nogueira (PP).

Sobre Lula, disse que “a ignorância é audaciosa”. Lembrou que foi o “escolhido” de Wall Ferraz para ser governador do estado em 1994. Wall deveria ser candidato e renunciou em favor da candidatura de Mão Santa, que conseguiu vitória, em 2º turno, sobre o candidato da situação, Átila Lira. “O Senado é uma Casa de equilíbrio, é para quem faz oposição correta. Fiz centenas de pronunciamentos em defesa dos aposentados, dos velhinhos, dos menos favorecidos, dos injustiçados deste país, mas nunca ataquei a honra do presidente ou de família. Recebi inúmeros emails contra o filho deste Lula, mas nunca me dei ao desplante de usar isso na tribuna, porque respeito a tribuna que me foi conferida pelo povo do Piauí.”
Mão Santa disse que é neto daquele que foi o homem mais rico do Piauí, no entanto nunca se utilizou do poder econômico. O senador enalteceu o trabalho da imprensa séria. “Muitos jornais hoje não respeitam a sociedade, publicam inverdades, são totalmente corrompidos pelos abusos dos maus governantes e dos maus políticos.” Mão Santa citou David Caldas, o Profeta da República, que antecipou 17 anos antes em jornal de sua propriedade a proclamação do novo sistema de governo. Ele foi perseguido porque publicava verdades em seu jornal “Oitenta e Nove” ao ponto de, ao morrer, ser sepultado fora do cemitério de São José, em Teresina, porque caíra em desgraça com a Igreja Católica, que era defensora da Monarquia.
O parlamentar falou que foi agraciado com a medalha Juscelino Kubitschek e que isso representa muito para a sociedade piauiense por ter sido ele o único piauiense até agora a receber tal comenda. Garante que está confiante no julgamento popular. “Fiz leis boas. Não existe fé sem obra. Fé sem obra começa morta. Tenho muitas realizações para mostrar. Fui governador, aí estão os edifícios, a verticalização em Teresina, o projeto Sanear, os shoppings, medicas que determinaram avanços importantes para Teresina e para o Piauí.”
Por : Toni Rodrigues